Enquanto andava na escola, Peter era alcunhado de "Pugsley" já que por causa do seu excesso de peso, assemelhava-se ao filho da "Família Addams". Além disso, tratavam-no como "o totó da turma" e, entre outras coisas. Gozavam com ele pela sua lentidão em aprender. Naturalmente, todas estas coisas foram alicerçando a sua condição ressentida e pouco sociável.
Em 3 de outubro de 1968, Peter de 15 anos frequentava o Waverly High School no leste de Mount Waverly, Melbourne. O adolescente, com o seu uniforme escolar, visitou uma vizinha de 27 anos para lhe pedir uma faca porque iria precisar dela para cortar verduras. No entanto, algo passou pela sua cabeça e ele apunhalou-a no estômago e posteriormente na mão, rosto e pescoço enquanto ela tentava defender-se. Segundo o relato da mulher atacada, enquanto a apunhalava ele dizia:
"É tarde demais, já não posso parar, eles prender-me-ão!"
Quando foi preso, disse à polícia que não sabia porque é que a tinha atacado, nem se lembrava nada após ter a faca na mão. Após o ataque, foi sentenciado a 18 meses de liberdade condicional e esteve em avaliação no hospital psiquiátrico Larundel. Duas semanas depois ele recebeu alta e um tratamento como um paciente externo.
Em outubro de 1969, houve um ataque no necrotério do hospital de Austin, onde os cadáveres de duas idosas foram mutilados. Pela natureza das feridas, a polícia suspeitou que fora obra de Dupas, principalmente quando depois compararam as marcas com as do cadáver de outra de suas vítimas: Nicole Patterson.
Cumpriu pena por estupros em repetidas ocasiões, mas assim que saía da prisão, voltava a agredir pessoas. A 5 de novembro de 1973, Peter abusou de uma mulher casada, a vítima aproximou-se dele quando lhe pediu ajuda para consertar o seu carro. Enquanto a mulher procurava uma chave de fendas, Dupas escondeu-se na casa e ameaçou a mulher e o seu bebé de 18 meses. Depois amarrou a mulher com uma corda e bateu-lhe na cabeça quando ela tentou resistir e depois estuprou-a na sua própria cama.
Nas semanas seguintes, Peter tentou esta tática várias vezes, mas só conseguiu roubar dinheiro. Inclusive nesses dias o sargento Ian Armstrong, o detetive que seguiu o caso de Peter, interrogou-o a 30 de novembro de 1973 no posto de polícia de Nunawading. Depois do seu encontro, disse que Dupas era fraco e complacente, mas também acrescentou que era um homem malvado e impiedoso com a cara de um bebé.
O juíz John Leckie sentenciou a Dupas a 9 anos depois de estuprar a mulher casada na sua casa e ameaçar a sua criança. Os programas de reabilitação da prisão não tinham efeito em Peter e enquanto esteve preso, o reconhecido doutor Allen Bartholomew examinou Dupas e concluiu que ele tinha um grave problema psicossexual; um problema que ele negava, que o transformava num estuprador muito perigoso.
Após cinco anos, foi libertado, a 4 de setembro de 1979 e apenas duas semanas depois, atacou a quatro mulheres, às quais deixou mentalmente marcadas pelo resto de suas vidas. Nesta ocasião, Peter estava equipado com uma faca e uma balaclava, dois objetos que se converteram na sua marca de estuprador e assassino. O evento aconteceu numa casa-de-banho pública de Frankston, onde Peter estuprou a sua vítima e torturou psicologicamente as restantes. A mulher mais velha do grupo mostrou resistência, enquanto que as outras escaparam; Dupas apunhalou-a e fugiu.
Mais tarde, a polícia prendeu Peter e ele confessou tudo o que tinha feito. Durante uma entrevista, o estuprador afirmou que não sabia o que estava a acontecer com ele e que não podia ser detido, também disse que tinha este problema desde há mais de seis anos. Em 28 de fevereiro de 1980, o juiz Leio Lazarus sentenciou a Dupas a 6 anos e meio de detenção. Os promotores não estiveram a gosto com a sentença que consideraram muito benevolente já que era o segundo encarceramento de Peter.
A 27 de fevereiro de 1985, Peter foi libertado e um mês depois estuprou uma mulher de 21 anos na praia de Blairgowrie. Dupas seguiu a mulher até ao seu veículo e sodomizou-a. Na sua confissão, ele disse que achava que estava curado e que só queria viver uma vida normal. Posteriormente recebeu uma sentença de 12 anos por este crime.
Enquanto esteva preso em Castlemaine, Peter casou-se em 1987 com Grace McConnell, uma enfermeira que era 16 anos mais velha que ele. Depois de 7 anos de terapias foi libertado a 3 de março de 1992. No entanto, as suas tendências criminosas voltaram a metê-lo em problemas e depois de cumprir uma curta condenação, saiu em 1996. Enquanto a isso, a sua esposa deixou-o e ele conseguiu um emprego numa fábrica.
A 13 de fevereiro de 1985, foi encontrado o corpo de Helen McMahon de 47 anos na praia de Rye. Apesar de Dupas estar preso nesse momento, os polícias descobriram que Peter havia saído da prisão com uma permissão e que nessa altura vivia na área de Rye, quando McMahon foi assassinada. A mulher bronzeava-se semi-nua na praia; no entanto, o seu cadáver foi encontrado despido, próximo do local onde Peter estuprou uma mulher de 21 anos. Até o dia de hoje, a polícia acha que McMahon foi a primeira vítima de Dupas, mas o caso não foi resolvido.
A 4 de outubro de 1997, Margaret Maher, uma prostituta de 40 anos, foi sequestrada e assassinada por Dupas. O seu cadáver foi encontrado por um homem que recolhia latas de alumínio, perto da estrada de Cliffords. O corpo de Margaret estava coberto por uma caixa de papelão. A autópsia revelou que Maher tinha sido apunhalada no pulso; o pescoço da mulher foi atingido com um objeto pesado, tal como a sua sobrancelha direita. Também tinha cortes no seu braço direito. O seio esquerdo de Maher foi amputado com uma faca e colocado na sua boca. Após quatro semanas, Dupas atacou novamente.
Em 01 novembro de 1997, Mersina Halvagis de 25 anos visitou o túmulo da sua avó no cemitério Fawkner no norte de Melbourne, mas quando se ajoelhou para arranjar um bouquet de flores, ela foi atacada. Posteriormente, a sua ausência numa reunião alertou o seu noivo e rapidamente foi iniciada a busca; no entanto, seu corpo não foi descoberto até ao dia 5 de novembro de 1997. O noivo de Halvagis encontrou-a em um túmulo com flores ao redor.
A autópsia realizada no cadáver revelou que ela estava de joelhos quando foi atacada. Dupas subiu a roupa dela até à sua cabeça e apunhalou-a 87 vezes nos seus joelhos e pescoço, mas a maioria das feridas focavam nos seus seios. Como a casa de Peter era próxima ao cemitério e os depoimentos de duas testemunhas que disseram tê-lo visto no cemitério no dia que Mersina foi assassinada, as autoridades prenderam Peter. Anos depois, o assassino confessou ter matado Halvagis, enquanto os polícias o interrogavam na prisão de Port Phillip em 2002.
A psicoterapeuta e conselheira de jovens, Nicole Amanda Patterson de 28 anos, era uma pessoa que ajudava jovens drogados no seu tempo livre. Patterson tinha o seu próprio consultório na sua casa de Northcote. Foi lá, no seu consultório, onde Peter a assassinou brutalmente e depois disso, limpou todas as pistas possíveis e deixou o rádio ligado em volume alto e a televisão ligada. seria o crime perfeito se Peter não se tivesse esquecido de levar o diário de consultas de Nicole.
Assim que na manhã do dia 19 de abril de 1999, um vizinho amigo de Nicole foi buscá-la para uma reunião e deparou-se com o cadáver da psicoterapeuta, no qual, apresentava sinais de ter sido apunhalada 27 vezes (tinha feridas em suas mãos e braços) e de ter sido amarrada com uma fita amarela. Mas o pior de tudo foi que os dois seios de Nicole foram mutilados e não estavam na cena do crime. Estas mutilações lembraram os polícias de outra vítima: Margaret Maher. Agora, quando a polícia procurou os bens de Nicole, encontrou o seu diário de consultas, graças ao qual puderam encontrar Peter através de um processo de rastreio a partir de um número de telemóvel.
Devido aos antecedentes de Dupas na corte de Melbourne, o seu julgamento foi levado a cabo em 26 de setembro do 2006 na Suprema Corte de Vitória, onde foi acusado pelo homicídio de Mersina Halvagis. Em 9 de agosto de 2007, Dupas foi declarado culpado do homicídio de Halvagis, oito dias depois foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Durante o julgamento, saíram à luz os homicídios de Renita Brunton, de 31 anos, encontrada em Sunburry, Vitória, em 1993. Também era suspeito de ter assassinado a Kathleen Downes de 95 anos, que foi apunhalada em 31 de dezembro de 1997 no asilo Brunswick Lodge, o qual aconteceu um mês após o homicídio de Halvagis. As investigações policiais descobriram que Dupas havia sido chamado por telefone ao asilo pouco tempo antes do assassinato.
Desde o ano de 2006, que Peter Dupas cumpre sua sentença na prisão de segurança máxima de Port Phillip em Laverton. Os guardas da prisão descrevem a Dupas como um prisioneiro modelo; no entanto, o monstro sexual que habita dentro dele, jamais será libertado novamente.
Adaptado de: curionautas
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