segunda-feira, 23 de março de 2015

Ritual satânico segundo Eliphas Levi

Aviso: Esta postagem serve apenas para difundir o conhecimento acerca de pactos demoníacos. Não me responsabilizo por qualquer tentativa de os reproduzir por parte de um curioso.


Entre os ocultistas sérios não é difícil encontrar praticantes favoráveis de pactos com espíritos diabólicos, que identificam, no ritual, um ato de coragem e domínio das entidades da escuridão. E pelo fato de ser um ato que implica dominação, não é uma prática para os mais fracos. Por este motivo, estudiosos como Emmanuel Swedenborg alertam que "quando os demónios aparecem diante dos iniciantes, prontificam-se a ceder às vontades dos seus manipuladores, com a intenção de fingir obediência, subordinação e submissão pelo mesmo. O praticante acredita que está a conseguir dominar a situação, inocentemente, Com o passar do tempo, a pessoa começa a entender que é o elo mais fraco dessa corrente, o lado mais frágil dessa corda chamada de pacto, que há-de romper e o levará pelo pescoço ao fundo de um poço do qual nunca ninguém conseguiu encontrar um caminho de volta."

Ao navegar pela Internet e a folhear livros antigos, a quantidade de páginas escritas e ditas com barbaridades vai aumentando progressivamente, à medida que começam a ser encontrados relatos de supostas testemunhas e praticantes de magia negra. E com isso, a distorção dos fatos acerca dos pactos diabólicos veio a torná-los numa das coisas menos credíveis da história da humanidade, acabando por fazer com que os cépticos ficassem cheios de razão devido à sua ausência de crenças no ocultismo, espiritismo e outros tópicos do género.

Eliphas Levi, um ocultista e escritor francês do século XIX desaconselha, despreza e ridiculariza a prática de magias negras, incluíndo o pacto com o Diabo. Apesar disso, ele inclui, numa das suas obras, "Dogma e Ritual da Alta Magia", algumas descrições e comentários pertinentes sobre este tipo de pacto.

"Os invocadores do diabo devem, antes de tudo, ser da religião que admite um diabo criador e rival de Deus. Eis como procederá um firme crente na religião do diabo, para se corresponder com o seu pseudodeus (falso-deus)."

Levi esclarece também que o demónio que é invocado provém de todos os maus fluídos interiores do seu invocador. Levi refere que para ser bem sucedido numa invocação demoníaca é preciso ter:

*Uma teimosia invencível;
*Uma consciência ligada simultâneamente ao crime e ao medo/remorso;
*Ignorância parente ou espontânea;
*Ideias completamente falsas sobre Deus.

Existe sempre a necessidade de renegar Deus, lembrando que o Diabo é o principal adversário do Criador. A fim de efetivar essa rejeição, o autor enumera procedimentos complexos como:

1- Profanar as cerimónias de culto e religião de origem, bem como desrespeitar os seus símbolos sagrados.

2- Jejum: Fazer, durante 15 dias, apenas uma refeição por dia, sem sal e depois do crepúsculo: "esta refeição será de pão preto e sangue temperados com molho, também sem sal, de favas pretas, ervas leitosas e narcóticas."

3- A cada cinco dias, depois do entardecer, para além da refeição, é necessário embebedar-se com vinho preparado de uma infusão feita com cinco cabeças de papoilas negras e cinco chávenas de linhaça triturada. Deixa-se a bebida descansar durante cinco horas. A mistura deve ser coada com uma toalha que tenha sido feita ou tenha pertencido a uma mulher, de preferência uma prostituta.

4- Os dias próprios para a invocação de um demónio são na noite de segunda para terça-feira ou na passada de sexta-feira para sábado.

5- "É preciso procurar um lugar solitário e assombrado, tal como um cemitério freqüentado por maus espíritos, uma ruína temida, no campo, os fundos de um convento abandonado, o lugar onde foi cometido um assassinato, um altar druídico ou um antigo templo pagão."
(LEVI, 1995 - p 346).

6- É preciso vestir-se com roupas negras sem costuras e sem manchas, um gorro ou capucho de tom de chumbo ornamentado com os signos da Lua, Vénus e Saturno. O invocador deve certificar-se de ter consigo um vasto arsenal, como o que se segue:


*Duas velas de sebo humano colocadas em candelabros de madeira negra cortados em forma de quarto crescente lunar. Implica o acesso a uma vítima humana, um morto recente.

*Duas coroas feitas de verbena.

*Uma espada de cabo preto.

*Uma forquilha mágica.

*Um pequeno fogão com três pés.

*Um vaso de cobre que deve conter o sangue da vítima à qual foi extraído o sebo.

*Perfumes: São preparados para a queima no fogão que fica no altar do círculo mágico. Na invocação do demónio, o operador deve levar consigo uma caixa com incensos de cânfora, alóes, âmbar-pardo e estoraque, misturados e homogeneizados com sangue de bode, de poupa e de morcego.

*Quatro cravos retirados do caixão de um morto.

*Uma cabeça de gato preto alimentado com carne humana durante cinco dias.

*Um morcego morto por afogamento em sangue.

*Os chifres de um bode que tenha sido torturado pelo operador.

*O crânio de um parricida.

*A pele da vítima imolada, que ofereceu o sangue e o sebo.


Com o material listado e estando no local marcado à hora exata, o operador, sozinho ou acompanhado (com dois assistentes), deverá traçar o círculo mágico com a ponta da espada, deixando uma ruptura ou um ponto de saída. A pele da vítima, cortada em bocados, deverá ser disposta ao longo do círculo, de modo a formar um segundo círculo que será fixado com os quatro cravos, que servirão como pregos. Dentro do círculo deverá ser traçado, também com a espada, um triângulo equilátero, que deve ser pigmentado com sangue da vítima. O fogão será colocado no vértice do triângulo que aponta para norte. Na base do triângulo, serão traçados três círculos, que marcarão a posição do operador (centro) e dos seus assistentes. Atrás do seu círculo, o operador deverá traçar, com o seu próprio sangue, o símbolo do Constantino, que é a letra P com o traço vertical cortado por um X.


Nos pontos marcados pelos quatro cravos, fora do círculo, são colocados: o crânio do parricida, a cabeça do gato, os chifres do bode e o morcego. Estas coisas devem ser borrifadas com o sangue da vítima. Depois acende-se fogo queimando ramos de amieiro e cipreste. As duas velas são colocadas à direita e à esquerda do operador, no centro das coroas de verbena. Feito tudo isso, o operador deve citar as fórmulas de invocação, que são várias, como por exemplo, a da Evocação do Grande Grimório Dragão Vermelho:

"Per Adonai Elohim, Adonai Jeova, Adonai Sabaoth, Metraton On Agla Adonai Mathom, vérbum pythónicum, mistérium salamándrae, convéntus sylphórum, antra gnomórum, doemónia Coeli Gad, Almousin, Gibor, Jehosua, Evam, Zariatnatmik - Veni, veni, veni."

A fórmula indicada por Levi, embora pareça um pouco incomum, está de fato registrada em inúmeros livros de magia negra, grimórios e manuais repletos de fórmulas de invocação complexas. Nos dias atuais, esta prática demonstra uma maior dificuldade de execução, devido às complicações da obtenção de alguns dos materiais requeridos. Partindo do princípio de que o autor ainda terá de cometer um homicídio, ainda terá um exaustivo trabalho em conseguir obter os chifres do bode e a cabeça do gato, de acordo com os requisitos. Então do crânio do parricia, nem se fala.

A execução de uma fórmula tão complexa como esta pode levar algumas pessoas a desistir dela e não é de admirar que um demónio apareça diante de alguém que faça um "espetáculo" como este. Afinal, alguém que faz tais coisas, se não é louco, está perto disso. E a loucura pode engendrar todo o tipo de alucinação, inclusive a ilusão perfeita da visão de Satanás.


O caminho para romper o pacto com o Diabo é bem mais simples do que aquele que é necessário executar para o seguir. Não exige substâncias exóticas ou objetos dispendiosos e de difícil obtenção. Para a anulação do pacto diabólico só é necessário o seguinte:

*Fé em Deus;
*Um arrependimento sincero em relação aos atos praticados para a obtenção do mal.


As lendas de São Cipriano e do arcediago Teófilo ilustram bem este fato. Cipriano, ao perceber que o sinal da Cruz impedia a ação de poderes demoníacos, deduziu de imediato que por trás dela havia uma doutrina-referência poderosa capaz de proteger uma pessoa de todos os feitiços malignos.
Esta referência, que fortalece o campo protetor, no caso da vítima de Cipriano, era a vida de Justina, uma rapariga que serviu de alvo dos encantamentos do Mago de Antioquia e que se tornou invulnerável porque assumiu, pela fé, a sua natural invulnerabilidade, numa atitude que "fechou o seu corpo", ou seja, fechou o seu campo mental-espiritual para toda e qualquer influência externa.

No caso do Bispo Teófilo, um processo semelhante ocorreu: arrependimento sincero e fé inabalável no poder da Virgem Maria que romperam o pacto. Diz a lenda que, numa tarde, durante as orações numa capela, onde haviam várias pessoas, o pergaminho, documento-registro do pacto, surgiu de uma parede e, esvoaçando no aposento, foi parar às mãos de Teófilo.

Santo Alphonse Maria de Ligouri (1696-1787) ensina como romper acordos com o maligno. O procedimento é simples:


*Renunciar qualquer pacto com o Diabo, explicitando a renegação diretamente, através de declaração verbal ou por uma testemunha, de preferência um sacredote;

*Destruir todos os talismãs, documentos escritos, fórmulas e objetos enfeitiçados relacionados com a magia negra;

*Queimar o pacto, se este foi registrado num documento escrito;

*Restituir os bens ou renunciar todos os bens ou privilégios obtidos através do pacto e compensar todas as pessoas que ficaram afetadas por esse intermédio.


Esta grande descrição de Levi foi considerada como asneirenta e é uma das que pode ser encontrada mais facilmente em livros sobre este assunto ou em documentos pela Internet.

Adaptado de: blog-estranhouniverso

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